Há poucos dias, a CryptoQuant divulgou o resultado de uma pesquisa sobre mudanças no mercado digital. Uma das descobertas indica que muitos mineradores de Bitcoin estão transferindo seus tokens e debandando. Existem diversos motivos pelos quais essa mudança pode ter-se iniciado. Dois dos quais podem ser os mais relevantes: o halving do Bitcoin e a proximidade do lançamento de ETFs de Bitcoin.

A mineração de criptomoedas sempre foi uma atividade com investimento inicial bastante elevado. Nem todos os investidores possuem condições para comprar computadores de alto desempenho e custear o consumo de energia. Ainda menor é a proporção de investidores com conhecimentos técnicos para configurar e fazer a manutenção dos equipamentos. Não por acaso, a mineração é uma modalidade de investimento bastante inacessível e excludente.

Fluxo de mineração de Bitcoin. Fonte:CryptoQuant

Além desses fatores tradicionais, o Bitcoin terá um ano movimentado. Os primeiros ETFs de Bitcoin estão aprovados, e o halving do Bitcoin também se aproxima. Esse evento deverá ocorrer em abril deste ano. Com isso, os mineradores podem estar visualizando outras possibilidades para seus tokens. Os valores de recompensa para os mineradores são, assim, reduzidos. Essa diminuição poderá reduzir substancialmente os lucros. De consequência, pode-se esperar um desinteresse generalizado pela atividade.

O que diz a pesquisa da CryptoQuant?

Um dos principais resultados da pesquisa foi a descoberta de que a maior parte dos Bitcoins minerados foi transferida para exchanges, movimento notado especialmente nas transações de uma das maiores empresas mineradoras do mercado, a F2Pool. O CEO da mineradora, Bradley Park, afirmou no Telegram em entrevista à CoinDesk que a mudança foi necessária para fazer frente ao grande aumento de custos da mineração nos últimos tempos.

Além disso, Park citou a proximidade do halving do Bitcoin, com o qual as recompensas de mineração serão reduzidas pela metade. Essa redução de valores poderá tornar quase inviável a atividade, pois o custo real da operação se mantém, mas o rendimento bruto é reduzido pela metade.

Em alguns casos, a evasão dos mineradores precede a queda do preço do Bitcoin. Alguns especialistas alertam para essa possibilidade, mesmo que essa correlação não seja taxativa. Em agosto de 2019, por exemplo, houve uma queda considerável no número de mineradores. Contudo, ainda assim, o preço do BTC continuou subindo.

O halving do Bitcoin é a maior causa de evasão dos mineradores

O halving das criptomoedas é um evento muito ansiado pelo mercado. Isso porque a cada vez que acontece o preço do Bitcoin é fortemente valorizado. O halving consiste em uma queima de tokens cunhados na blockchain, que pode ser de até metade dos tokens. Além do mais, esses eventos são programados para ocorrerem apenas de quatro em quatro anos.

A queima de tokens impulsiona o seu preço devido à escassez programada dos ativos. Trata-se da operacionalização de uma das mais importantes leis econômicas de mercado: a lei da oferta e da demanda. O seu funcionamento é bastante simples. Quanto menor a oferta e maior a procura, maior será o preço de um produto ou serviço. Produtos e serviços com alta demanda, tais como o Bitcoin, tendem a obter resultados sempre positivos com a redução da sua oferta.

Contudo, para os mineradores, o halving é desvantajoso. Isso porque não são reduzidos apenas os tokens, senão também as recompensas pagas aos mineradores. Logo, os investidores que gastam com equipamentos de última geração e custeiam a sua operacionalização podem vir a ter prejuízos a partir de cada halving. Esses prejuízos poderão ser ainda maiores para os mineradores independentes. Esses investidores geralmente não têm condições para montar estações completas de mineração. Pelo contrário, costumam trabalhar com baixas margens de lucros.

Os ETFs de Bitcoin devem atrair também os mineradores que desejam ampliar seus investimentos

Finalmente estão liberados pela SEC os primeiros ETFs de Bitcoin. Diversas firmas de investimentos pleitearam a autorização para comercializar ETFs de criptomoedas. O órgão regulador dos EUA arrastou a discussão por mais de 10 anos. Na maioria das vezes, a SEC alegou que esse tipo de investimento aumentaria a possibilidade de manipulação de mercado.

Agora, depois de muita pressão, os ativos estão disponíveis para negociação. Isso abre a possibilidade de novos investimentos usando o Bitcoin. Como a mineração passa por um período de baixa, os mineradores podem estar buscando novas formas de investir. Pelo menos essa pode ser uma explicação aplicada à evasão dos mineradores menores.

Já com relação às grandes empresas de mineração, a mudança de atividade pode estar ligada ao fato de que esse tipo de investimento já não é mais tão lucrativo. Além disso, os ETFs abrem a possibilidade de exploração de outro tipo de comércio, que também pode ser muito rentável.

O que esperar da mineração de Bitcoin no futuro?

Especialistas acreditam que a mineração de criptomoedas voltará a crescer, principalmente no período pós halving do Bitcoin. Quando as recompensas voltarem a um patamar aceitável, haverá uma tendência de que novos mineradores passem a apostar na atividade.

Além disso, a mineração em nuvem têm se mostrado uma saída menos onerosa para mineradores independentes. Isso porque, ao minerar usando uma nuvem, retiram-se os gastos com energia, software e equipamentos, que a atividade exige.

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