Os registros de pirataria na internet têm aumentado ano após ano. Esse é um problema antigo e que tem tirado o sono de quem precisa proteger direitos autorais. Depois do surgimento das plataformas de streaming, a incidência de pirataria deveria ter diminuído. Isso porque as plataformas são uma forma mais barata, segura e rápida de acessar conteúdos que antes eram caros ou de difícil acesso.
Mas a realidade não foi exatamente essa. A pirataria aumentou desde que os streamings se popularizaram, surpreendendo quem acreditava que as plataformas seriam a saída. Desde 2019, o download ilegal de conteúdo aumentou mais de 13%. Ainda não é possível elaborar uma estimativa precisa do motivo do crescimento. Apesar disso, existem alguns indicativos do que pode estar acontecendo.
Relatório recente indica algumas possíveis razões para o aumento da pirataria e acesso indevido a sites oficiais
A Muso, uma empresa de consultoria que atua no mundo todo, publicou recentemente informações sobre os downloads ilegais. As informações do relatório indicam alguns dados que podem ser alarmantes. Um exemplo é a incidência de acessos indevidos a sites oficiais, por exemplo. Entre 2019 e 2020, houve uma redução no número de acessos a sites desse tipo. A quantidade de conexões voltou a crescer desde 2020. De lá até o ano passado, o aumento foi de cerca de 37% desde 2022.
Visitas a sites de pirataria em 2022. Fonte: Muso
Com base nesse aumento de acesso, a Muso indica que esse tráfego está sendo direcionado para o download de filmes, séries e demais programas de TV de forma ilegal. Isso indica que os consumidores estão em busca de conteúdos não oferecidos pelos streamings. Ou então que podem ser pessoas que não querem pagar pelo serviço.
Além disso, houve um aumento também no acesso por usuários dos Estados Unidos. Países como a Índia também registraram um aumento de downloads ilegais. Já os países latino-americanos foram responsáveis pelo aumento de pelo menos dois pontos percentuais na conta do aumento. Esses números podem revelar alguns indicativos, principalmente relacionados com a qualidade dos streamings. Ainda, isso pode ser um indicativo de que as preferências de consumo estão mudando.
Porque o tráfego na internet e a pirataria estão em crescimento?
O relatório da Muso indica que o mercado de streaming pode estar saturado. Isso porque diversas novas plataformas foram lançadas de alguns anos para cá. Houve uma época em que apenas a Netflix explorava o mercado. Hoje, quase todas as empresas de tecnologia ou comunicação têm um streaming próprio.
Outro fator pode estar ligado a qualidade das produções disponíveis. Com a pandemia de Covid e o isolamento social, as plataformas precisaram entregar muito conteúdo de uma vez só. De certa forma, isso acabou comprometendo a qualidade das produções e também suas durações. Isso pode explicar parte dos downloads ilegais. Muitos consumidores buscaram produções antigas e não disponíveis nos streamings.
Além disso, a pandemia também evidenciou uma série de problemas econômicos no mundo todo. Ou seja, muitos consumidores que tinham recursos para fazer o pagamento dos streamings acabaram tendo que cortar gastos. Além disso, uma reclamação recorrente está ligada ao aumento de preço das assinaturas. Muitas delas acabaram aumentando demais os valores e tornando inviável a manutenção da assinatura por grande parte da população.
Outra reclamação recorrente dos consumidores está ligada ao número de plataformas. Muitos conteúdos são ofertados apenas em uma plataforma específica. Nesse caso, o consumidor precisará fazer mais uma assinatura para acessar apenas um programa. Com isso, muitos conteúdos acabam sendo pirateados, pois o acesso não é tão simples.
Os streamings continuarão em alta?
Os consumidores muitas vezes têm preferências sazonais. Houve uma época em que a TV aberta tinha a maior atenção do público. Depois disso, as assinaturas de TV a cabo foram a principal fonte de acesso dos consumidores. Essa realidade mudou com a chegada da internet e o acesso facilitado a milhares de programas e informações. Os streamings são dessa época, vieram juntamente com as facilidades da internet e comunicações rápidas.
Não foram apenas os streamings que se popularizaram com a internet. Diversas redes sociais surgiram e também captaram a atenção dos consumidores. Hoje em dia é possível ver vídeos rápidos em qualquer rede social. Além disso, o acesso a livros digitais e conteúdos educacionais também ficaram mais fáceis.
As redes sociais são responsáveis por tirar muito o foco dos streamings. Redes focadas em vídeos curtos, como o TikTok ou Kawaii atraem a atenção de um público mais jovem, que em regra estava mais focado nas plataformas de streaming. São conteúdos de fácil acesso, literalmente com alguns cliques e, além disso, são conteúdos gratuitos.
Não sabemos qual será o próximo passo ou qual será o futuro das plataformas. Mas os dados trazidos pela Muso indicam que a era dos streamings pode estar acabando. Os modelos ofertados no mercado precisam de uma atualização. Os valores cobrados por assinatura precisam ser revistos, caso as plataformas queiram se manter. Além disso, os conteúdos precisam ser revistos, para captar a atenção de cada vez mais consumidores.